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(21/08/2007)
Entrevista com Davi Kerr


Com que a idade você começou a praticar Taekwon-Do ITF e por quê?

 

Em 1986, aos oito anos de idade. Na época morava nos Estados Unidos e vivia chutando e socando pela casa, então minha mãe procurou nas páginas amarelas e achou uma Academia onde comecei a praticar sob a orientação dos professores Steve Scott, Ray Cosier e do Mestre Richards. Retornei ao Brasil já faixa preta, no final de 1989, onde reiniciei meu aperfeiçoamento na Academia Morumbi com o professor André Conchon, que me ensinou muito, através de uma base técnica excelente. Hoje vejo que ele foi um grande exemplo para que eu me desenvolvesse como lutador e como pessoa. A Academia Morumbi era ligada a Academia Brooklin, do Sabum Nim Paulo de Tarso (de quem o André era aluno), que na época era uma das principais Academias de Taekwon-Do WTF de São Paulo, com lutadores excepcionais como o André Conchon, Renato Pitombo, Pedro Borges e Túlio Rodrigues, entre outros. No final de 1990, o Sabum Nim Paulo de Tarso, junto com outros instrutores, voltaram a praticar Taekwon-Do ITF no seu processo de reestruturação no Brasil, liderado pelo Sahyum Nim Raul Sanchez e pelo Sahyum Nim Djalma Santos. Foi assim que iniciei meus estudos no Taekwon-Do ITF. 

 

O que mais o cativou nesta arte marcial?

 

Não sei dizer. Na época eu era muito pequeno, mas sei que o Taekwon-Do foi se tornando uma segunda natureza para mim. A busca pelo aperfeiçoamento como lutador e artista marcial talvez seja uma das coisas que mais me motiva. Sem dúvida, o Taekwon-Do envolve quem o pratica. A diversidade técnica dos chutes combinada aos golpes com as mãos tornam o combate bonito e heterogêneo, em termos do estilo de cada lutador e de suas possibilidades estratégicas. Eu sou mais ligado a parte de luta, mas há também as formas que contemplam “um mundo em si”, pela quantidade de aspectos envolvidos em conseguir realizá-las bem. Isso tudo e as competições técnicas especiais e power test que são muito bacanas.     

 

A prática do Taekwon-Do ITF acrescentou alguma coisa positiva na sua vida?

 

Creio que muitas. Quem pratica alguma coisa desde cedo sabe que é difícil desassociar, o que você é ou seria sem aquilo. Com o TKD é o mesmo, não imagino como eu seria sem esse aprendizado, que me trouxe também um grande senso de disciplina, desenvolveu meu autocontrole, persistência, concentração e condição física.

 
















Qual foi o caminho percorrido até o sucesso e o seu segredo para alcançá-lo?

 

Sempre procurei participar de todas as competições, como as do período de reestruturação da ITF no Brasil, em que juniores e adultos lutavam na mesma categoria, tornando o aprendizado mais rápido, mas também mais difícil. O primeiro interestadual que ganhei foi o de 1994, no Ginásio do Pacaembu, em luta júnior até 63 quilos e formas adulto 1º dan. Comecei a ter destaque internacional em um torneio realizado no Forte da Urca no Rio de Janeiro, em 1995, onde ganhei em luta, na categoria médio adulto. No ano seguinte pude alcançar novas vitórias como o Pan-americano em Regina, no Canadá, enfrentando na final o tricampeão mundial Paul Germain, um lutador que eu admirava desde pequeno e com quem me reencontrei, em 1997, quando obtive meu primeiro título mundial. Como em toda arte marcial ou mesmo qualquer atividade, praticar e se aperfeiçoar requer muita determinação e perseverança, especialmente quando se quer atingir um nível internacional de competição. Você deve ser capaz de lidar com suas frustrações, com o treino diário e intenso, e muitas vezes com a falta de reconhecimento do público. Entretanto, como disse o prazer de me aperfeiçoar como praticante e lutador de Taekwon-Do ainda me motiva. Creio que este é o segredo.

 

Como se sente sendo um tetracampeão mundial? O que representa na sua vida e na sua carreira este novo título?

 

Sinto-me muito feliz. Não sei bem o que representa. Sem dúvida, me sinto privilegiado.



Qual era as sua expectativa nas vésperas do Campeonato Mundial do Canadá?

 

Não fui com a expectativa de ganhar. Havia treinado forte, porém ainda encontrava um pouco da insegurança nessa nova categoria de peso. Meu objetivo era chegar às semifinais, entretanto as coisas foram acontecendo de forma que eu cheguei à final.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Que achou deste campeonato?

 

Foi um campeonato muito bom, com atletas de altíssimo nível em todas as categorias, especialmente nas femininas onde a quantidade de competidoras com esse tipo de preparo tem aumentado consideravelmente.

 

Neste evento você competiu novamente na categoria peso pesado. Quais são as maiores diferenças que encontrou entre essa e a de lutadores peso médio?

 

São modalidades muito diferentes em seu estilo geral de luta. No peso médio a disputa é mais técnica. A distância é um pouco mais longa e se usam as pernas com maior incidência. Já na categoria até 80 quilos os atletas utilizam a força, em lances truncados, com muita aproximação e ataques de mão. Além disso, na categoria médio, eu era um dos mais altos e no limite do peso. Agora sou um dos mais baixos, e leve, para a categoria, o que dificulta bastante a luta.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quem era o favorito na sua categoria e quais os pontos fortes dele?

 

Creio que, neste ano era o esloveno Ales Zemljic, aluno do Tomaz Barada. Ele é um lutador completo. É ofensivo, tem a perna da frente muito forte e contra-ataca de diversas formas, além de ser um dos mais altos da categoria o que torna mais difícil atacá-lo.

 

Qual dos seus oponentes apresentou maior dificuldade e por quê?

 

Creio que o argentino com quem disputei a final, o Jonathan Baptista. Ele é um lutador muito forte, tanto com a perna da frente, quanto atacando com a mão. Além disso, é muito difícil conseguir pontuar nele.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quais são os países em alta no Taekwon-Do e como vê a posição do Brasil no cenário mundial?

 

Nos mundiais dos últimos dez anos, as principais forças mundiais têm sido a Coréia do Norte e a Polônia. A Argentina, que já era uma força tem conquistado mais medalhas e também é um dos países em destaque. Em segundo plano estão o Canadá, a Eslovênia, a Alemanha e a Nova Zelândia. Estou falando em número geral de medalhas. Creio que o Brasil está em terceiro plano nesse quadro geral de medalhas.

 

O Brasil apresenta neste campeonato mundial pela primeira vez uma delegação de atletas juniores. Qual é sua opinião sobre nossos juniores?

 

Eles foram muito bem. Gostei bastante da atuação do atleta de Santa Catarina, o Rafael Marciano e do Leonardo Pacheco que lutou bem demais e conquistou a medalha de bronze em luta.

 

Deixe seu recado para eles.

 

Que continuem treinando com dedicação, que participem em torneios o máximo que puderem e, que apreendam com seus erros e acertos de cada competição.

 

Qual é sua expectativa para o Taekwon-Do ITF brasileiro e mundial para os próximos anos?

 

Creio que ainda temos muito que caminhar. O grupo masculino já conquistou bons resultados (dois bronzes em luta e a prata em técnica especial). Entretanto nos falta continuação de resultados. Nosso sonho, meu e de atletas que estão competindo em mundiais há anos, como o Philippe Rangel, é de sermos campeões em luta por equipe. Ainda falta uma equipe feminina competitiva em mundiais, entretanto, pelo nível das competidoras nesse brasileiro isso já pode ocorrer no Mundial da Argentina. Temos atletas já experientes em mundiais como a Mara Galbiati que compete desde a Malásia em 1994 e que ficou em quinto lugar no mundial de 99 e, uma nova geração, como Tamires Sanchez que amadureceu muito depois do mundial do Canadá. Além disso, chegamos muito perto de outros ouros, conquistando uma medalha bronze com o André Schievenim em técnicas especiais, e duas medalhas de prata em luta masculina. A do Luiz Quintas em luta até 54 quilos, que apresentou-se muito bem e fez uma final próxima com a do canadense, e a do Bruno Furtado que foi sem dúvida o melhor lutador de sua categoria e que creio ainda será campeão mundial no futuro. Além disso, temos lutadores que estão entre os melhores do mundo em seus pesos. O Daniel Abissamra, medalha de prata em 99, o Philippe Rangel já duas vezes ganhador do bronze e sempre um dos favoritos em sua categoria, o Thiago Preto, que também creio ainda será campeão mundial e o Rangel Farias, que amadureceu nesse mundial para disputar os próximos.

 

Quais são seus próximos planos?

 

Treinar sempre e me desenvolver.

 

 


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