Nome:
Luiz Quintas
Nascimento:
15/08/1981
Profissão:
Funcionário Público
Início no Taekwon-do:
Setembro de 1997
(Sabum Nim Paulo de Tarso - até 9º Gup)
Professor:
Sabum Nim Cláudio Pinsdorf (a partir do 9º Gup)
Principais Conquistas:
Campeão Pan-Americano de Formas e Luta (Paraguai - 2004)
Vice-Campeão Mundial em Luta (Canadá - 2007)
Bronze na Copa do Mundo em Luta (Itália - 2008)
Campeão Mundial em Luta (Nova Zelândia - 2011)
FBT - Como foi a sua preparação para este mundial?
LQ - A preparação com o peso foi no último mês, essa é a única parte que faço sozinho. Já a preparação técnica e física foi um planejamento longo. O Personal Trainer Gustavo Cordaro me ajudou com treinos específicos de força e velocidade com a musculação. O Sabum Nim Cláudio Pinsdorf, junto com o professor Thiago Preto prepararam diversos treinos específicos, táticas de ataque e defesa, resposta a estímulos, técnicas especificas, tudo baseado no estilo de luta dos grandes nomes da minha categoria. Tive também a ajuda de todos os alunos da Classe A, que mesmo sem perceber estavam enriquecendo meus treinos com diferentes estilos de luta, diferentes tamanhos, pesos. Por isso, posso dizer que essa conquista foi da Classe A, mas tive a sorte (felicidade) de poder ser o representante.
FBT - O que você achou da organização deste mundial?
LQ - Já estive em cinco Campeonatos do Mundo, e sem dúvida alguma este foi o mais organizado que já participei! O ginásio conseguia acomodar a todos os competidores e espectadores muito bem, tinha um ambiente específico para treino, cada competidor só podia entrar na área de competição com as credenciais e um funcionário oficial do evento (Marshall), isso manteve a competição fácil de ver e acompanhar. Pela primeira vez na história teve exames Anti-Doping, achei ótimo, e espero que para os próximos mundiais todas as categorias se submetam ao exame. (Pelo menos as Finais). Desta vez apenas dez atletas fizeram o Doping, escolhidos "aleatoriamente". Entre os dez, Mark Trotter (Nova Zelândia) e eu. A transmissão ao vivo e gratuita pela internet também foi um grande avanço. Em um mundial que poucos puderam ir, todos puderam assistir.
FBT - Soubemos que você teve problemas com o vôo e chegou em cima da hora. O fuso horário, 16 horas a mais, atrapalhou no momento da competição, já que você não teve tempo de se adaptar?
LQ - Nosso vôo (meu e da Fernanda) era para sair na Sexta-Feira a noite e estava previsto para chegar em Wellington no Domingo. Devido a más condições de tempo o vôo foi cancelado. E a opção que nos deram foi de reagendar o vôo para uma semana depois. Perderíamos o Campeonato, então tivemos de comprar novas passagens por outra linha aérea no último instante! Compramos uma passagem que sairia de São Paulo no Domingo e chegaria em Wellington na Terça-Feira (dia da pesagem). Mandamos email para o Mestre Raul e SabumNim David avisando do imprevisto e pedindo para ver se seria possível segurar a pesagem até que chegassemos. Como o peso estava controlado, tanto o meu como o da Fernanda, assim que chegamos fomos pesar. O fuso horário também atrapalhou um pouco, mas tinhamos um dia a mais para nos adaptarmos, sendo que o nosso dia de competição seria na Quinta-Feira.
FBT - Como funcionou a arbitragem neste campeonato?
LQ - Além de pouquíssimos erros de arbitragem, este campeonato teve um avanço enorme no sentido técnico. Todos os Do-Jangs tinham joystick para arbitragem, tanto de formas como para luta, mas isso já vinha acontecendo nos últimos Mundiais. A novidade mesmo foi o Software utilizado para marcar a pontuação de Luta! Todos os Do-Jangs tinham uma TV de LCD que mostrava: O nome dos competidores, as próximas três lutas, o tempo de luta / intervalo / atendimento médico, advertências, faltas, o resultado geral dos juízes e o resultado INDIVIDUAL de cada juíz em tempo real!Então todos podiam acompanhar quem estava ganhando, e a diferença de pontos durante a luta.
FBT - A partir deste mundial se implementou o uso do capacete em todos os combates. O que você achou desta nova regra?
LQ - Sou completamente contra essa regra! Em uma Arte Marcial em que simplesmente a intenção de machucar já pode ser punida, não existe razão alguma para o uso de capacetes. Já usamos protetores nas mãos e nos pés para proteger a integridade dos dois competidores! A menos que seja visando Olimpíadas ou liberar o contato o capacete é completamente desnecessário!
FBT – Como estava o nível técnico dos lutadores de sua categoria?
LQ - O nível técnico foi alto na minha opinião... todos os grandes nomes estavam lá. Muitos lutadores já eram medalhistas de outros mundiais e copas do mundo. É uma categoria de muita velocidade, explosão e técnica. Além dos já conhecidos, muitos dos novos lutadores também apresentaram um nível razoável, Suiça, Estados Unidos estavam muito bem, e o Argentino era muito forte, mas perdeu para o Russo.
FBT - Já conhecia ou tinha lutado antes contra algum deles?
LQ - Quando ví a chave da minha categoria, percebi que tive um pouco de sorte. Os lutadores mais difíceis só se encontrariam a partir da Semi-Final, que Seriam Russia (Atual Campeão Mundial), Jamaica (Atual Campeão da Copa do Mundo) e Nova Zelândia (Dono da Casa e Bronze no Mundial passado). Eu lutei primeiro com Hong Kong, um cara que eu nunca tinha visto antes. Foi uma luta relativamente fácil, ele tinha muito mais vontade de ganhar do que técnica. Depois foi contra Uzbequistão, um rapaz de 18 anos de idade... e que também nunca tinha visto antes. Já esse tinha o contrário, mais técnica e menos vontade de vencer... Depois que levou um Goro no rosto não conseguiu mais lutar direito. A partir daí o nível técnico subiria consideravelmente (cheguei nas Semi-Finais) de um lado Brasil X Russia e do outro Nova Zelândia X Jamaica. Era a luta que eu queria... Contra Alexander Leonov o Russo! Esse eu conhecia muito bem, desde 2005 na Alemanha quando ele foi Vice-Campeão. Sabia todos os golpes dele, estilo de luta, tipos de ataques e defesas... Tudo! Esta luta foi a mais difícil. Russos são fortes, não vão para trás, têm a mão pesada e o Leonov ataca muito bem de Yop Chagui. O resultado foi apertado (3X1), acho que só ganhei porque estava com um tempo de antecipação bom. Então cheguei na Final, contra o dono da casa (de novo). Logo no começo da luta tivemos uma troca de golpes, mas acertei um Dollyo médio e ele caiu no chão... fiquei com medo de ser desclassificado caso ele não pudesse voltar para a luta, mas após os 2 minutos que ele tem direito, a luta recomeçou. Conhecia bem os golpes dele também... Sabia que ele gostava muito de usar a perna da frente com golpes altos, então minha luta teria de ser por baixo da perna dele. E foi assim basicamente o tempo todo, tivemos muitas trocas de golpes, mas no final venci por uma decisão mais apertada ainda (2-1-1).
FBT – Qual o significado do Mundial da Nova Zelândia na sua carreira de taekwondista?
LQ - Mais uma conquista... Pratico Taekwon-Do há anos, não apenas pelas competições, mas pela Arte em sí. Conquistei muitas coisas na minha vida pessoal graças a ele... Essa foi uma delas, devo muito ao Taekwon-Do.
FBT - A quanto tempo você vem correndo atrás dessa medalha?
LQ - Na verdade desde que comecei a treinar Taekwon-Do sempre gostei das competições. Tanto de Formas quanto de Luta, então sempre corri atrás disso. Em 2005 (Alemanha), no meu primeiro Mundial de Luta, perdi na primeira rodada para o Campeão Esloveno. Mas onde realmente percebi que tinha nível para disputar essa medalha foi no Mundial seguinte, em 2007 no Canadá, depois de vencer o Ucraniano (atual Campeão Europeu), cheguei na Final contra o Canadense Maxime Bujold. Perdi aquela luta, realmente perdi, mas o Vice-Campeonato fez muita coisa mudar na minha cabeça. Dois mundiais depois eu estaria na mesma situação, em uma final de campeonato do mundo, contra o dono da casa! Acho que tudo contribuiu para que em 2011 eu chegasse ao primeiro lugar.
FBT - Como foi ganhar do ídolo da casa na final com estádio lotado torcendo a favor dele?
LQ - Tive a chance de lutar nessas mesmas condições em 2007 no Canadá e perdi, desta vez cheguei mais preparado para essa situação. Ganhar já é muito bom, mas nessas condições fica ainda melhor!
FBT - Já teve alguns resultados importantes na modalidade forma, pode nos contar?
LQ - O máximo que consegui em Formas foi ser Campeão Pan-Americano em 2004 no Paraguai. Em campeonatos Mundiais, o meu melhor resultado foi chegar nas Quartas de Final.
FBT - Você tem alguma preferência na competição de forma e luta?
LQ - Difícil dizer qual eu gosto mais! Até mesmo as Técnicas Especiais e de Potência (que eu não participo) eu gosto de ver. Acho que não posso dizer que tenho preferência por alguma. Gosto do Taekwon-Do como um todo. Mas pelo que percebi, luta parece ser mais importante para pessoas que não praticam o esporte.
FBT – Quais as suas dicas para todos os atletas que se espelham nos campeões ...
LQ - Acho que um conselho bom seria treinar o Taekwon-Do sem se preocupar com resultados. Aperfeiçoar as técnicas cada vez mais, aprender coisas novas a cada dia mesmo no que já foi aprendido. Acho que dessa forma os resultados sairão naturalmente, tanto na carreira de Taekwondista, como na vida profissional e pessoal.